Pensar a Inteligência Artificial na Escola Bernardino Machado
Pensar a Inteligência Artificial de forma não maniqueísta, o que é, quais são os seus limites e riscos, foi a proposta do Professor Doutor Ernesto Costa, Professor Catedrático Jubilado do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra, no dia 24 de novembro, no Quartel da Imagem, a propósito da Semana da Filosofia no Agrupamento de Escolas Figueira Mar.
Os alunos presentes, sabem que mais do que uma conferência, foi uma lição do ofício de ser professor. Para todos foi uma aula de tradução mais ou menos assim: há uma coisa muito complicada que a maior parte das pessoas não sabe o que é, mas que, na verdade, é bastante simples. Há máquinas que já são capazes de aprender como nós, que aprendemos por tentativa e erro, mas que nunca eliminam a possibilidade de errar. Tal como nós. Claro que a probabilidade do erro vai diminuindo à medida que aprendem mais, mas a máquina não sabe porque está a aprender. Inevitavelmente aprende tudo o que houver para aprender, incluindo os enviesamentos do contexto em que aprende. Se o contexto for racista, xenófobo, misógino… bom, a máquina aprenderá a ser racista, xenófoba e misógina. Claro que se a máquina aprendesse num mundo de santos morais e heróis, seria santa moral e heroína.
Importante: as máquinas aprendem, mas não sabem porquê. Têm cognição, mas não têm metacognição. Porque não têm consciência de si, experiência da sua experiência. Aquilo que se chama o “hard problem” da consciência.
Outra coisa importante: as máquinas não são morais e, por isso, não conseguem resolver satisfatoriamente dilemas morais. Bom, nós humanos também não porque a moral é heterogénea. Ética das coisas e coisas da Ética.
Seja como for, temos os direitos humanos como linha vermelha. E também deve ser assim para as máquinas.
P.S.: Mais fácil dizer, do que fazer!